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Doença

  • Foto do escritor: Danielle Apocalypse
    Danielle Apocalypse
  • 18 de jan. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 22 de jan. de 2024

Já passam das 22 horas, ela olha no relógio ao se preparar para dormir. Já se tornou um vício. Bastou ceder uma só vez para que se estabelecesse a situação.


Ele costumava ligar sempre a esta hora, isto é, quando ligava. Desiste.

Tudo pronto. Uma música daquele CD favorito para ajudar na chegada do sono.


A mente demora a desligar-se, enquanto os pensamentos se misturam com a letra da música. Fantasias se formam. É uma mistura de dormência com uma certa euforia, um dormir estando acordada.


Ainda pensa nele. Firma o pensamento tentando fazer com que o telefone toque, ao mesmo tempo deseja que ele não a procure mais.


No fundo, ela sabe que cederá novamente ao simples toque do telefone. Não pode dar continuidade a esta doença – não consegue mais suportar.


É uma doença que adquiriu e não se importou em cultivar. Virou companhia, mesmo não sequer preenchendo o vazio que ainda sente. Simplesmente aceitou, como se não tivesse outra opção.


Doença que precisa ser agora curada, até que se dissolva por completo e caia em esquecimento. Já é madrugada. Ainda sonha acordada.


Afunda o rosto em seu travesseiro, respira fundo. Sente o próprio cheiro, reconhece o lugar. O seu lugar seguro. Ali está salva. Enrosca-se nas cobertas da cama em meio a travesseiros, e se perde, finalmente, em sono profundo.


Não foi nesta noite, não será desta vez.


Dias se passam. É quase que esquecimento por completo, não fosse um pensamento ou outro antes de dormir. O processo de aceitação iniciou-se, agora vem a espera. A doença está estacionada, não progride mais.


Basta não encontrá-lo, não se falarem.


Ele não a vê, e mesmo assim não deixa que se vá, sai a sua procura. A ausência incomoda, uma forma de manutenção. Não sabem porque, mas ambos se desejam sem se querer. É vício.


O telefone toca mais cedo desta vez. Novo contato. Sem recados, sem compromisso. Bastou responder a uma única ligação, um bate-papo informal, nada se revela, nada mudou.


A situação estabelece-se novamente. E a doença é estimulada outra vez. O vínculo viciado foi criado, e já manipula ambos.


O telefone passa a tocar novamente…. E já passam da meia-noite agora.

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